Caminhada por Paris

Segundo dia em Paris, chove, faz frio, depois do veranico de ontem parece que estamos no inverno novamente! Como estavamos em efeito pós viagem, cansados e semi-moídos da viagem, deixamos a chuva embalar nossa preguiça por um tempo. Tomamos o café da manhã francês do hotel, um monte de baguetes (absurdamente boas), manteiga, geléia, suco de laranja junto com a bebida de preferência, chá, café e chocolate quente. A Nanda preferiu o chocolate e eu o café, fiquei com inveja do chocolate, tava muito bom.

Primeira parada do dia foi no paraíso feminino: Sephora. Loja na Champs-Elysés lotada, em pleno domingo de manhã, cheia de mulheres comprando tudo quanto é tipo de maquiagem, perfumes, pincéis, cremes, acessórios, etc… Obviamente não saimos de mãos vazias da loja, compramos nossos perfumes favoritos e mais algumas coisas. Saímos de lá e entramos na FNAC logo ao lado, hora de Nanda virar fotografa! Depois de estudarmos as opções optamos por uma Panasonic Lumix FS35, compacta, zoom bom e mega pixels mais que suficientes!

Tivemos nosso primeiro “encontro” com a grosseria francesa, estavamos meio atrapalhado sobre qual era o local correto para fazer o tax-refund. Esperamos no balcão, mas ficamos na dúvida se não era em um outro local, fomos até lá, mas não era, quando voltamos (questão de segundos) fomos prontamente atendidos, mas o cliente grosseiro que havia acabado de chegar achou que estavamos furando a fila e falou um alto e sonoro “Merde!”. A funcionária que nos atendia ficou possesa com ele e colocou ele no seu lugar!

Aproveitamos que estavamos ao lado do Arco do Triunfo e passeamos pelo entorno dele. Como o tempo estava feio, optamos por não gastar para subir no arco. Obviamente começou a chover enquantos estamos passeando por ali. Hora de mudar de programa, próxima parada: Centre Pompidou!

Chegamos e já tinha uma fila pequena na porta do Pompidou, quando passamos pela segurança, ela havia triplicado de tamanho! Acho que todos os turistas, franceses, etc resolveram ir lá. Visitamos a exposição do François Morellet, que trabalha com luzes e a geometria. Muito legal a exposição, na outra viagem já havia visto um dos trabalhos que compunham a amostra em Nuremberg. A grande pena foi que a parte dos anos 60 até hoje em dia estava fechada, mas podemos aproveitar a grande aula de arte do período entre 1900 e 1960.

Às cinco da tarde, resolvemos que era hora de almoçar, fomos até a cafeteria do centro e deliciamos um croq mousier e uma salada do chefe. Nada como estar em Paris, qualquer local serve boas comidas. Após o “almoço”, saímos para caminhar pelo Marais, até chegarmos a Place des Voges. Incrível ver a praça com folhas nas árvores, mais incrível ainda pelo formato retangular das copas! Terminamos o passeio caminhando pelo canal que existe ao lado da Bastille.

Terminamos o dia jantando numa creperie que tem perto do hotel. O crepe de sobremesa estava muito bom!

Paris!

Depois de três anos, estou de volta a Paris. Dessa vez acompanhado pela Fernanda, minha namorada! Como é bom estar em Paris, dessa vez, o clima está diferente, não é inverno, faz calor, muito calor, as plantas estão verdes, tem flores em todos os canteiros. Mas isso é a parte boa do primeiro trecho da viagem.

Tivemos uma grande surpresa quando chegamos ao aeroporto Salgado Filho! Descobrimos que nossa passagem para o Rio, onde pegaríamos o voo da Air France, não existiam mais! Com sorte, chegamos 1h30 antes do voo. Passamos mais ou menos todo esse tempo no telefone com a agência que vendeu a passagem para resolver a situação. Segundo a funcionária da Gol, que tomou as nossas dores e realmente nos ajudou, a reserva do voo Porto Alegre – Rio tinha deixado de existir no dia 19 de março. Tempo mais que suficiente para a agência nos informar e realocar nosso voo. Mas, como se pode ver, resolvemos todos os problemas a tempo, apesar do enorme stress.

Trocamos de voo para o Rio, e com uma sorte absurda, um voo da Air France das 16h havia sido adiado para às 21h! Trocamos nosso voo das 19h, para o das 21h. Acho que a troca foi benéfica, fez um nerd muito feliz por estar voando pela primeira vez em um 747-400 (um dos meus sonhos desde criança). O voo, como é de se esperar da Air France, foi ótimo! A comida a bordo era boa, serviram Camembert da Président, nhami! Única queixa foi só servirem picolés da Kibon sabor Uva, na caixa térmica da Hägen-Däsz, baita propaganda enganosa – Nada contra a Kibon, mas…

Chegamos em Paris no tempo previsto do novo voo. O terminal novo do Charles de Gaule é bem bacana. Não sei quem é o arquiteto, mas ele usa bastante madeira, pintada com uma cor cimento, de forma que diversas vezes parece que a parede é de concreto. Resultado fica legal, e a acústica do ambiente fica excelente. Depois de fazer a imigração e já com as bagagens, sofremos para descobrir como pegar o RER que passa no aeroporto – que não está funcionando justamente neste final de semana. Quando descobrimos isso, ficamos surpresos com a eficiência da sinalização e estrutura montada para fechar uma estação de metrô por alguns dias. Haviam panfletos, banners, diversos ônibus fazendo a conexão para a estação mais próxima.

Depois de nos instalarmos no hotel, resolvemos fazer um pequeno tour a pé. Caminhamos até o Centre Pompidou, que fica à uns 10min do hotel. Depois seguimos até a Notre Dame, passando pelo Hôtel de Ville. Fomos até a ponta da Île de la Cité, haviam diversas pessoas fazendo piquenique. Uns super sofisticados, com camarões, baguetes, queijos e vinhos, já outros, eram só salgadinhos prontos e cerveja quente. Fizemos uma parada, quase que obrigatória, na Apple Store do Louvre. Aproveitamos para tomar um Caramel Machiato na Starbucks e descansar os pés um pouco. Terminamos a caminhada na L’orangerie.

Centre Pompidou

Centre Pompidou

Notre Dame

Notre Dame

Nanda na ponta da Île de la Cité

Nanda na ponta da Île de la Cité

Agora é hora de jantar!

Praga / München (vulgo Munique)

Precisava acordar cedo para chegar a tempo na ferroviária, mas deixei meu despertador no brasil (meu celular). Então bolei um sistema bizarro no meu notebook para fazer ele me acordar. Obviamente acabei acordando antes do despertador, mas ele tocou logo em seguida e realmente funcionou. Vou usar o mesmo sistema em Frankfurt, espero que tenha uma tomada no hostel, não posso ficar sem bateria e não acordar! Deu até tempo de tomar banho antes de sair, o que talvez não tenha sido uma boa idéia, carregar malas é um ótimo exercício! Tomei o café da manhã mais ou menos do hostel e parti.

Saí do hostel com bastante antecedência, não queria perder o trem direto até München. Peguei um tram até o metrô e o metrô até a ferroviária, cheguei cedo, fui procurar meu trem no painel e… cadê meu trem?? Fui perguntar para um dos funcionários e descubro que estou na estação errada, que a estação principal é outra com um nome esquisito que casuamente significa “estação principal”. Meu pequeno ódio pelo leste europeu acabou de aumentar. Corri de volta até o metrô e consegui chegar a tempo na ferroviária correta. Acho que desde o trem que eu e a lu quase perdemos eu passei a curtir a adrenalina de quase perder meu trem.

Bom, pra melhorar, o trem era tcheco novamente. Malditos trens tchecos! Esse nem bar / restaurante tinha e eram seis horas de viagem! Na minha cabine dessa vez tinha eu, um suponho executivo tcheco e um infernal casal de italianos. Como bons italianos eles não calaram o bico durante as 5h de viagem que fizemos no mesmo trem, eles trocaram de trem antes dele chegar em München. Foram às seis mais longas horas de viagem que eu fiz, aproveitei para observar o interior da república tcheca e ver como eles são pobres, a maioria das casas e fabricas estão caindo aos pedaços. Foi um contraste gritante quando cruzamos a fronteira para a alemanha.

Cheguei em München no horário previsto, meu hostel era do lado da bahnhof, não tive que arrastar minhas coisas por muitos metros. Me instalei no quarto, que estava cheio, três amigos holandeses e mais outros dois caras. Os holandeses eram muito engraçados, ficaram jogando RPG numa das noites e abriam as janelas no meio da noite, pra eles estava quente demais dentro do quarto! Dei boas risadas com eles. Aliás, eles pensaram que eu era alemão quando viram eu falando em alemão na recepção, go figure!

Saí para dar uma volta pela cidade, conhecer o centro histórico e tentar encontrar a Laura! Caminhei um bom tanto pela cidade, o centro histórico não é muito grande, dá pra fazer quase tudo a pé por ali. Consegui localizar a Laura só no final da tarde e combinamos de nos encontrarmos para tomar uma cerveja. Acabei bebendo uma Guinness, já que ela me levou num pub irlandês. Foi ótimo reencontrar a Laura, tinhamos milhões de assuntos para colocar em dia. Depois da Guinness levei a Laura até o U-Bahn e fui para o hostel, estava cansado do meu longo dia de viagem.

Praga

Acordei numa preguiça infinita para fazer turismo, não queria sair do hostel, mas depois de um grande esforço consegui sair. A grande atração de Praga é o castelo que fica em cima de um dos morros da cidade. Peguei o tram até o pé da montanha e caminhei ladeira acima até a entrada do castelo. Obviamente tudo já estava tomado de turistas, desanimei de entrar no castelo. Não estava afim de ficar em filas, mas depois de um pouco decidi que eu devia visitar o castelo sim, afinal não há muito mais o que fazer nessa cidade.

Okey, todos amam Praga, mas todos amam “merengues” nos prédios, eu estava num dia modernista, não queria ver mais prédios com merengues. A cidade é bem bonita, mas os 20 anos de capitalismo destruiram as mentes dos habitantes, aqui tudo está a venda e todos só pensam em como enganar mais um turista para ganhar dinheiro. Para uma cidade tão turistica espera-se que haja placas numa língua ocidental, mas tudo só está escrito em tcheco. Nem o metrô avisa se tu está na estação principal de trem!

Comprei meu ticket para o castelo com todas as atrações e o direito de fotografar. Começei visitando um “museu” dentro do castelo, com algumas pinturas, talvez as piores pinturas que eu já vi num museu. Mas me diverti visitando os salões principais do castelo, ver os vidros artesanais feitos para as janelas. O castelo realmente vale a pena de se visitar, passei umas boas três horas passeando por todas as atrações que estavam inclusas no meu ticket. Acabei comendo um cachorro quente absurdamente caro, numa das lanchonetes dentro do castelo.

Depois de visitar tudo peguei o Tram até a base da montanha e caminhei pelas ruas, até chegar no verdadeiro museu do kafka. Esse, sim, vale a pena pagar para visitar! O museu abriga a exposição organizada pelo CCCB de Barcelona (o mesmo local onde eu vi a exposição sobre o Apartheid), que depois de rodar o mundo foi hospedada em definitivo aqui em Praga. O conteúdo da exposição é ótimo, assim como a montagem. Descobri diversas coisas sobre o Kafka, e fiquei com vontade de ler os livros dele.

Na frente do museu há um café com internet gratuita, obviamente eu sentei ali, tomei um café e relaxei do meu longo dia de turismo. Caminhei um pouco mais depois do café, arrumei algo para jantar e voltei para o hostel para reempacotar minhas coisas. Afinal, meus dois dias de Praga haviam acabado, hora de ir para München encontrar a Laura e pegar leve no turismo.

Antes de encerrar o post devo dizer que o capitalismo fez MUITO mal a Praga. A ganância parece imperar aqui, assim como a grosseria. Não tenho vontade de voltar para essa cidade, pelo menos não para fazer turismo sozinho e sem muita grana. Não consegui entender o que todos acham genial nessa cidade, mas talvez seja só eu que estou cansado de fazer turismo. Who knows!

Dresden / Praga

Acordei cedo, tomei um ótimo café da manhã e saí para a Bahnhof de Dresden. Chegando na Bahnhof voltou a cair alguns flocos de neve, estava uma manhã linda. Meu trem chegou no horário, novamente vagões tchecos (Damn!), na minha cabine tinha um croata (ou iugoslavo) com a namorada mongolesa (da mongólia). Demorei uma meia hora pra entender que eles falavam alemão entre si. O alemão deles era MUITO ruim, apesar deles morarem aqui. Entender alemães nativos é muito mais fácil.

A viagem até Praga foi tranquila, as instruções do hostel de como chegar nele nem tanto. Na página eles falavam dois modos de chegar nele, um com tram e outro com metrô. Achei que de metrô era melhor, afinal tinha uma estação dentro da ferroviária, ledo engano! Primeiro erro das instruções do hostel foi fazer eu descer na parada errada, afinal quando se menciona “descer em Museum Station” eu interpreto como sendo a parada final que eu devo ir! Mas eu precisava andar mais duas paradas. Ok, voltei para o metrô e cheguei na estação correta (que era a que eles usavam como direção nas instruções). Segundo problema, a estação do metrô fica em cima da montanha! I mean, way up! Único modo de chegar no hostel, descer uma gigante escadaria. Ótimo, era isso que eu precisava para completar meu dia. Desci a escadaria, cheguei no hostel, tive problemas com as rodas da mala, tudo deu errado nesse dia. Se eu estava de bom humor de manhã, havia perdido todo ele agora.

Me instalei no quarto e aproveitei que era cedo para dar uma volta pela cidade, conhecer o centro e pensar no que fazer no dia seguinte. A cidade estava tomada de turistas de todas as nacionalidades possíveis. Caminhei um pouco, passei na famosa ponte da cidade, tirei algumas fotos aproveitando o dia de sol e muito frio. Passei na frente da casa onde o escritor Kafka nasceu, e fui enganado a acreditar que ali era o museu Franz Kafka, malditos tchecos! Começei a não gostar deles. Acabei visitando a minúscula sala que havia no prédio e pagando obviamente.

Continuei meu passeio pelo centro de Praga, passei na frente do relógio mais estranho que eu já vi. Ele marca além das horas, o dia do mês, as fases da lua e algumas várias outras relações entre os planetas. Estava escurecendo e ficando frio, muito frio. Acho que foi o pior frio que eu peguei em toda a viagem. Não dava para ficar na rua, jantei e fui para o hostel dormir, estava cansado do meu longo dia.